Médicas são indiciadas por morte de bebê por hemorragia e traumatismo craniano após parto no ES
Heitor Rossi de França morreu 1 hora após mais de 12 horas de tentativa de parto normal. Cesárea teria sido feita tardiamente. Médicas teriam usado fórceps...

Heitor Rossi de França morreu 1 hora após mais de 12 horas de tentativa de parto normal. Cesárea teria sido feita tardiamente. Médicas teriam usado fórceps obstétrico, causado ferimentos tanto na gestante quanto na cabeça do bebê. Polícia investiga morte de bebê após parto em Aracruz Duas médicas de 34 e 43 anos foram indiciadas pela Polícia Civil pelo crime de homicídio culposo devido à morte de um bebê apenas uma hora após o parto. Heitor Rossi de França teve hemorragia e traumatismo craniano por causa de uma cesariana tardia. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp A família registrou um Boletim de Ocorrência sobre o caso. A mãe Isabelly Rossi Nascimento, 18 anos, e o pai Israel de França de Jesus, 21 anos, deram entrada no hospital na noite do dia 27 de dezembro. O bebê veio a óbito no dia 28, no Hospital São Camilo, em Aracruz, Norte do Espírito Santo. Segundo os pais, a equipe médica insistiu que fosse feito um parto normal, mesmo com o pedido da família para a realização de uma cesariana. A decisão da unidade hospitalar foi tomada de acordo com orientações do médico que acompanhou o pré-natal de Isabelly. Ele chegou a alertar que a gestante possivelmente não teria condições anatômicas para realizar um parto normal. Isabelly Rossi Nascimento, 18 anos, e Israel de França de Jesus, 21 anos, denunciam morte de bebê em maternidade de Aracruz, Espírito Santo Reprodução/Redes sociais Os pais do bebê afirmaram que, durante o que chamaram de "insistente tentativa de realizar o parto normal", a médica responsável pelo atendimento utilizou um fórceps obstétrico, uma espécie de extrator a vácuo, para tentar concluir o parto normal. Os pais acreditam que o uso do instrumento teria causado ferimentos tanto na gestante quanto na cabeça do bebê, que, embora estivesse posicionado na posição correta, não conseguiu devido à falta de dilatação. Na época, o hospital informou que estava à disposição para prestar esclarecimentos sobre os procedimentos adotados. Já o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRMES) informou que abriria um sindicância para investigar o caso. Pai do bebê dá detalhes do caso Hospital São Camilo, em Aracruz, Espírito Santo Divulgação Israel contou que o casal chegou no noite do dia 27 ao hospital. Depois de algumas horas de espera, ele contou que apenas de madrugada a esposa foi levada para a sala de parto. "Levaram minha esposa para a sala de parto humanizado, e eu fiquei ao lado dela o tempo todo. Lá, a médica orientou que ela ficasse debaixo do chuveiro quente, enquanto minha esposa implorava por socorro, pedindo para que realizassem uma cesariana. No entanto, a médica insistia: 'Não, mãe, você vai ter um parto normal'. Só que não dava para ter um parto normal, os médicos que atenderam ela durante a gestação diziam que ela não tinha passagem", detalhou Israel. LEIA TAMBÉM: Crianças de 2 e 4 anos são abandonadas na noite de ano novo Adolescente leva tiro e morre em acidente a caminho de hospital; motorista que prestou socorro também morreu Homens diziam estar possuídos e abusavam de adolescentes de igrejas evangélicas durante 'ritual' Mais algumas horas depois, o pai disse que a esposa conseguiu chegar a 10 centímetros de dilatação, mas não tinha passagem para o bebê. Mesmo assim, ele disse, os profissionais continuaram insistindo no parto normal. "Então, a médica perguntou se ela queria receber ocitocina na veia para aumentar as contrações. Minha esposa perguntou quais eram os efeitos desse medicamento, e a médica respondeu que ele só aumentaria as contrações, facilitando o nascimento do bebê. Com base nessa explicação, minha esposa autorizou", complementou o marido. "O tempo foi passando, e a médica disse que a ocitocina não estava fazendo efeito. Foi quando ela buscou um aparelho de sucção a vácuo. Perguntamos o que era aquilo, e ela explicou que era apenas para abrir a passagem da mãe, dizendo que o aparelho não encostaria na criança, não a machucaria nem a prejudicaria. No entanto, mesmo com a cabeça da criança já posicionada, não havia passagem suficiente. A médica insistia para que o bebê passasse, mas não tinha como, não havia passagem", detalhou. O procedimento aumentou ainda mais a angústia dele e da esposa. "Fazia um barulho durante esse procedimento, parecido com o estouro de uma champanhe, e saía muito sangue, muito sangue mesmo. Eu falei para a médica: 'Moça, vai machucar minha esposa e meu filho'. Então, ela respondeu: 'Não, pai, isso aqui é um procedimento padrão'". Bebê morre de hemorragia e traumatismo craniano logo após o parto e pais denunciam hospital em Aracruz, no Espírito Santo Reprodução/Redes sociais Depois disso, a médica acabou levando Isabelly para um parto cesariana. "O menino nasceu, chorou, abriu os olhos. Após cortarem o cordão umbilical, a médica ficou preocupada, começou a chamar ajuda para que chamassem todos os médicos do hospital, e me pediram para sair da sala", relembrou o pai. A criança, infelizmente, não resistiu. Segundo ele, os ultrassons e exames realizados durante a gestação não indicaram nenhuma alteração. "Estava tudo certo com a minha esposa e meu filho. E nós vamos acionar a Justiça. A gente quer justiça pelo meu filho", disse o pai emocionado. Causa da morte Após o falecimento, o corpo do menino foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Vitória, subordinado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No entanto, a equipe do SVO avaliou que o envio do corpo ao local não era adequado e, por isso, o transferiu para o Instituto Médico Legal (IML) de Vitória, onde foram identificadas lesões como causa da morte do bebê. Causa da morte de bebê logo após o parto no Hospital São Camilo, em Aracruz, Espírito Santo Divulgação "Segundo informações do acionamento, o pai da criança registrou ocorrência na delegacia, apontando possível negligência médica, com a alegação de que o parto teria ocorrido além do prazo ideal. A causa da morte só poderá ser confirmada após a conclusão dos exames", informou a Polícia Científica. Já a Polícia Civil comunicou que aguarda o resultado dos exames realizados pela Polícia Científica para dar prosseguimento às investigações e esclarecer os fatos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o setor de auditoria vai solicitar esclarecimentos sobre o atendimento prestado pela unidade. Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo