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Empreendedora indígena de Roraima fatura mais de R$ 15 mil na COP30 com jujuba de cupuaçu, fruta típica da Amazônia

Empreendedora indígena do povo Macuxi Vera Lucy Brandão, de 54 anos, produz jujuba artesanal de cupuaçu. Vera Lucy Brandão/Arquivo pessoal Com sabor inconf...

Empreendedora indígena de Roraima fatura mais de R$ 15 mil na COP30 com jujuba de cupuaçu, fruta típica da Amazônia
Empreendedora indígena de Roraima fatura mais de R$ 15 mil na COP30 com jujuba de cupuaçu, fruta típica da Amazônia (Foto: Reprodução)

Empreendedora indígena do povo Macuxi Vera Lucy Brandão, de 54 anos, produz jujuba artesanal de cupuaçu. Vera Lucy Brandão/Arquivo pessoal Com sabor inconfundível, o cupuaçu, fruta típica da Amazônia, é a base da jujuba artesanal produzida pela empreendedora indígena do povo Macuxi Vera Lucy Brandão, de 54 anos, em Roraima. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), ela vendeu mil unidades do doce e faturou mais de R$ 15 mil. As jujubas são produzidas na comunidade indígena Kauwê do Alto Miang, em Pacaraima, município roraimense na fronteira do Brasil com a Venezuela. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 RR no WhatsApp O doce é vendido no “Espaço da Biodiversidade”, instalado na Zona Verde, área de acesso público da conferência. O espaço, criado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), reúne iniciativas de povos indígenas de várias regiões do país para exibir e vender artesanato, biojoias e outros produtos de cadeias produtivas sustentáveis. A empreendedora roraimense foi selecionada pelo coordenador geral de atividades produtivas na Funai, Jeferson Fernandes. Nos primeiros dias da COP, as vendas foram baixas e Vera chegou a achar que não conseguiria comercializar o produto. Porém, após uma rodada de degustação, o movimento mudou e os visitantes, principalmente os gringos, passaram a comprar as jujubas. Cada pacote custa R$ 20. Jujuba de cupuaçu é feita por empreendedora indígena de Roraima. Vera Lucy Brandão/Arquivo pessoal O cupuaçu é um fruto nativo do Brasil, popular na região Norte, e rende receitas de doces e sucos. Ele é rico em vitamina A e C, além de minerais essenciais como cálcio, ferro, magnésio e sódio, importantes para a saúde. "Se conhece o cupuaçu em várias outras formas, mas em forma de jujuba aqui tá sendo novidade. O povo caiu em cima e, assim, foi muito rápido", disse Vera. 🍬 Segundo ela, alguns gringos ficaram receosos no início, mas se encantaram após provar o doce. Um grupo de visitantes japoneses chegou a comprar várias unidades de uma só vez, e outros clientes até esperaram a chegada dela ao estande para garantir as guloseimas. "Mana, cada um pegava assim de 10, 15, 20, 8, 6 unidades. Eu me assustei quando vi [isso acontecendo]. Era tanta gente, eu dava o valor e eles começavam a pegar, pegar bastante jujubas. Vibravam quando provavam a jujubinha, se encantaram mesmo", afirmou a empreendedora em entrevista ao g1. LEIA TAMBÉM: Antioxidante natural e base para o 'cupulate': conheça os benefícios do cupuaçu Jovens apresentam impactos da crise climática em Roraima durante COP30 Cupuaçu surgiu a partir da domesticação do fruto por indígenas, aponta estudo Produção artesanal Jujubas de cupuaçu produzidas no interior de Roraima fazem sucesso na COP30, em Belém (PA). Vera Lucy Brandão/Arquivo pessoal Vera começou a produzir jujubas de cupuaçu em maio de 2023, ainda de forma tímida. Antes, ela vendia apenas a polpa do fruto, mas o retorno era baixo. Com o aumento do turismo na comunidade, decidiu investir na produção das jujubas, que inicialmente eram distribuídas como cortesia aos visitantes. No entanto, depois das primeiras degustações, Vera Lucy passou a receber procura de pessoas interessadas em comprar o doce. "Eu comecei fazendo uma receita só e aí eu fui comecei reinvestir [...] As pessoas começaram a provar, a levar [para casa] e querer comprar mais. Assim ela [jujuba de cupuaçu] começou a sair de dentro da comunidade", explicou. 🌱 No início, Vera usava apenas os cupuaçus cultivados no próprio sítio. Hoje, a produção própria rende cerca de 300 kg de polpa por safra e, com a alta demanda, produção do sítio já não é suficiente. Jujubas de cupuaçu, fruta típica da Amazônia. Vera Lucy Brandão/Arquivo pessoal Por isso, ela compra cupuaçu de agricultores da própria comunidade e, quando necessário, de outras regiões, incluindo Presidente Figueiredo, cidade no Amazonas, distante cerca de 830 km de Pacaraima. "Eu comecei armazenando [a polpa da fruta] no congelador da geladeira. Levava para a casa dos meus filhos também para tentar guardar um volume maior. Aí passei a armazenar em freezer, isso comprando [um]. Comprei o freezer com o resultado da jujuba. Depois eu comprei mais um e depois mais um. Atualmente eu estou com três freezers", explicou Vera. Com o crescimento das vendas, Vera diz estar preocupada em manter o estoque. Segundo ela, a procura aumentou após a Conferência do Clima, inclusive para vendas futuras e revendas. No entanto, ela ainda não consegue enviar o produto para outros estados por questões legais. “Hoje só consigo vender com nota fiscal dentro de Roraima. A minha luta agora está sendo conseguir legalizar tudo direitinho junto à legislação, né, para poder ter autorização tanto de produção e beneficiamento do produto quanto para vender para fora do nosso estado", disse a empreendedora. Apesar do desafio, ela acredita que conseguirá vender a jujuba não só para outros estados brasileiros, mas agora para outros países. "Então, no momento, está sendo um desafio, mas eu sei que vou conseguir. Eu vou encontrar esse caminho direitinho e vamos, sim, começar a comercializar nossa jujuba para fora do estado de Roraima", ressaltou. Saiba mais sobre a COP30 em Belém: Rede Amazônica na COP30: Veja painel de negociações e demais desdobramentos da conferência Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.