cover
Tocando Agora:

Sistema com IA prevê nível dos rios no AM com até 30 dias, podendo antecipar secas e enchentes

Sistema com IA prevê nível dos rios no AM com até 30 dias, podendo antecipar secas e enchentes Marcelo Dutra/Rede Amazônica Uma tecnologia desenvolvida no L...

Sistema com IA prevê nível dos rios no AM com até 30 dias, podendo antecipar secas e enchentes
Sistema com IA prevê nível dos rios no AM com até 30 dias, podendo antecipar secas e enchentes (Foto: Reprodução)

Sistema com IA prevê nível dos rios no AM com até 30 dias, podendo antecipar secas e enchentes Marcelo Dutra/Rede Amazônica Uma tecnologia desenvolvida no Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre (LabClim), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), está ajudando a prever o comportamento dos rios da região com o apoio da inteligência artificial (IA). O sistema, criado por alunos e pesquisadores do laboratório, calcula a variação das cotas dos rios com até 30 dias de antecedência. O modelo utiliza redes neurais, uma forma de IA inspirada no funcionamento do cérebro humano, para "aprender" a dinâmica natural dos rios, analisando séries históricas de dados de cota, chuvas e outros fatores. As informações são cruzadas com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além de bancos meteorológicos e hidrológicos mantidos pelo próprio laboratório. A equipe multidisciplinar do LabClim, formada por meteorologistas e geólogos, trabalha na coleta, atualização e análise dos dados. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp A partir desse conjunto de informações, o sistema projeta o nível das águas para as próximas semanas, com erro médio inferior a 2%, segundo os pesquisadores. "A rede neural funciona como o cérebro humano. Cada neurônio processa as informações que recebe, como cotas e índices de chuva, e, com o tempo, o modelo aprende o comportamento do rio”, explicou Diogo Gomes dos Santos, aluno de Engenharia de Computação da UEA e responsável pelo desenvolvimento do projeto. Veja os vídeos que estão em alta no g1 O estudante testou dois tipos de redes neurais: Multilayer Perceptron (MLP) e Long Short-Term Memory (LSTM) para comparar o desempenho e a precisão de cada uma. "Como o nível do rio é uma série temporal, o modelo consegue prever o que vem depois com base nos dados anteriores”, disse o aluno. Antes de entrar em operação, cada nova previsão gerada pela IA passa por um processo de simulação e validação. Os pesquisadores comparam os resultados obtidos com dados reais. Quando há diferença significativa, o modelo é ajustado e reprocessado para aumentar a confiabilidade das projeções. Inicialmente aplicado ao Rio Negro, em Manaus, o sistema está sendo expandido para outras bacias, como os rios Madeira, Solimões e Amazonas. Hoje, ele gera previsões de até 30 dias, com precisão considerada alta para a complexidade dos fenômenos naturais da região. Apoio direto Os resultados das simulações feitas no laboratório já são utilizados em boletins e relatórios que abastecem o sistema de informações do governo do estado. Os dados ajudam órgãos de gestão ambiental, logística e defesa civil a se anteciparem a períodos de estiagem ou cheia, que impactam desde o transporte fluvial até o abastecimento de comunidades ribeirinhas. "É uma IA criada dentro da UEA, no Amazonas, com potencial de apoiar tanto o poder público quanto o setor privado. Ela contribui para o planejamento da logística, do transporte, da agricultura e de ações emergenciais”, afirmou o coordenador do LabClim, professor e doutor em meteorologia, Francis Wagner. Além de integrar o sistema de monitoramento estadual, a equipe prepara o lançamento de um aplicativo próprio, previsto para os próximos meses. A ferramenta vai reunir informações de chuva, temperatura e nível dos rios em tempo real, permitindo que qualquer pessoa, de gestores a ribeirinhos, acompanhe as previsões diretamente pelo celular. Atualmente, as previsões do laboratório são divulgadas a cada 15 dias em boletins disponíveis no site e nas redes sociais do LabClim. "A ideia é que o modelo evolua para previsões cada vez mais detalhadas e acessíveis, permitindo que as comunidades e o poder público consigam agir antes que os impactos climáticos sejam sentidos”, completou Francis. Tecnologia com DNA amazônico A iniciativa reforça o papel da ciência produzida na Amazônia para enfrentar desafios típicos da região. Com o avanço das mudanças climáticas e a intensificação de fenômenos como El Niño e La Niña, o uso da inteligência artificial tem se mostrado essencial para antecipar eventos extremos e reduzir prejuízos ambientais e econômicos. "É uma tecnologia feita aqui, por gente daqui, voltada para resolver problemas do nosso território", resumiu o professor. Equipe do LabClim que conta com meteorologistas e geológos Marcelo Dutra/Rede Amazônica Doutor em Meteorologia e coordenador do LabClim, Francis Wagner Marcelo Dutra/Rede Amazônica