Dois de cada três passageiros estão insatisfeitos com transporte público no Grande Recife; pesquisa aponta principais problemas
Lotação, falta de segurança e de conforto são as principais queixas de quem depende de ônibus, metrô e vans. Estudo ouviu mais de 850 pessoas em nove bair...

Lotação, falta de segurança e de conforto são as principais queixas de quem depende de ônibus, metrô e vans. Estudo ouviu mais de 850 pessoas em nove bairros da capital pernambucana. Quase 70% dos usuários estão insatisfeitos com o transporte público no Grande Recife, aponta pesquisa Terminais lotados, paradas abarrotadas e ônibus superlotados são a realidade diária de quem depende do transporte público no Grande Recife. A insatisfação dos usuários com o serviço é grande, e a espera por melhorias parece ser longa. Uma pesquisa do Núcleo de Inteligência e Mercado do Centro Universitário Frassinetti do Recife (Unifafire) revela que 68% dos passageiros estão insatisfeitos (veja vídeo acima). 📲 Siga o perfil do NE2 no Instagram O estudo da Unifafire, realizado entre os meses de maio e junho, ouviu 851 pessoas em nove bairros da capital. Os dados mostram que mais de 43% acreditam que o transporte público não melhorou nos últimos dois anos. De acordo com a pesquisa, o ônibus é o principal meio de transporte na Região Metropolitana, utilizado por 35,15% dos entrevistados. As principais queixas em relação à qualidade do serviço são: Lotação: 72% consideram o serviço "ruim" ou "muito ruim"; Conforto: 70% avaliaram como "ruim" ou "muito ruim"; Segurança nos veículos: 75% classificaram como "ruim" ou "muito ruim"; Tempo de espera: 66,08% consideram "ruim" ou "muito ruim"; Limpeza: 55% avaliam como "ruim" ou "muito ruim"; Pontualidade: Mais de 50% avaliaram como "ruim" ou "muito ruim"; Custo da tarifa: Mais de 60% deram respostas negativas; Acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência: 57,42% consideram "ruim" ou "muito ruim". A pesquisa também apontou que menos de 6% (5,62%) dos entrevistados usam o metrô, enquanto quase 12% (11,72%) vão a pé e menos de 3% (2,87%) utilizam a bicicleta. O carro particular é usado por mais de 13% (13,83%). Chama a atenção a ascensão dos transportes por aplicativo (carros e motos), que somam 23,08% do uso, superando ligeiramente o carro particular. Essa mudança nos padrões de deslocamento foi observada pelo professor João Nogueira, coordenador da pesquisa. "Temos um conjunto de coisas que faz com que a população comece a migrar para outros tipos de transporte, e isso é bem preocupante, porque quando isso começa, como transporte por aplicativo por moto ou por carro, faz com que haja mais veículos dentro da cidade. [E isso é negativo] seja pela questão da sustentabilidade, seja porque aumenta o trânsito, o Recife já tem um dos piores trânsitos, seja pelos índices de acidentes, que aumentam bastante", afirmou o professor. Ônibus na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife Reprodução/TV Globo Apesar do cenário majoritariamente negativo, o estudo identificou um ponto positivo: o uso do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM). Adotado por dois terços dos passageiros, o cartão foi avaliado como uma melhoria por 62% deles, demonstrando que avanços tecnológicos podem ajudar, mas não resolvem sozinhos os problemas crônicos do sistema. A esteticista aposentada Ângela Maria dos Santos é um exemplo do que os pesquisadores observaram no estudo. Ela conta que, quando tem dinheiro, prefere acionar o transporte por aplicativo. "É horrível, não tem ônibus, andamos pendurados, alguns tem ar-condicionado, mas na linha que eu ando, UR-4, não tem nenhum. Os ônibus chegam sempre atrasados, tem muita gente que perde a hora de trabalhar por causa do transporte. Eu acho que está piorando, quando eu era mais nova, que eu trabalhava, o transporte público era melhor. Muito melhor pegar um Uber que pegar um ônibus", contou. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias