Bloqueio de hormônio da tireoide impede crescimento de tumor de próstata, aponta estudo
Bloqueio de hormônio da tireoide impede crescimento de tumor de próstata, aponta estudo Adobe Stock Um hormônio produzido pela glândula tireoide pode ter in...
Bloqueio de hormônio da tireoide impede crescimento de tumor de próstata, aponta estudo Adobe Stock Um hormônio produzido pela glândula tireoide pode ter influência fundamental no desenvolvimento do câncer de próstata, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional de pesquisa liderado pela Universidade de Umeå, na Suécia, e pela Universidade Médica de Viena, na Áustria. Um hormônio produzido pela glândula tireoide pode ter influência fundamental no desenvolvimento do câncer de próstata, de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional de pesquisa liderado pela Universidade de Umeå, na Suécia, e pela Universidade Médica de Viena, na Áustria, e publicado na revista científica Molecular Cance. Ao bloquear um receptor desse hormônio, o crescimento de células tumorais na próstata foi inibido. O efeito foi mais potente que o do fármaco enzalutamida, usado clinicamente para tratar o câncer de próstata. O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente entre os homens e a sexta principal causa de morte por câncer no mundo. Estudos epidemiológicos estimam que um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da vida. Quando detectado precocemente, a doença geralmente é tratada com a redução dos níveis de testosterona. Mas muitos pacientes desenvolvem resistência a esse tratamento e, consequentemente, o número de opções terapêuticas disponíveis é limitado. A descoberta pode abrir caminhos para o tratamento de certos tipos agressivos de câncer de próstata, a longo prazo. A combinação de NH-3 e enzalutamida teve efeito sinérgico, bloqueando quase completamente o crescimento tumoral nos experimentos com animais. O câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens Segundo o professor visitante da Universidade de Umeå e líder do estudo publicado na revista Molecular Cancer, Lukas Kenner, os resultados indicam que o receptor em questão é uma força motriz no crescimento do câncer. Substâncias que o bloqueiam podem, portanto, ser um alvo para futuros medicamentos contra o câncer de próstata. O receptor citado é chamado de receptor beta do hormônio tireoidiano, TRβ, que se liga ao hormônio tireoidiano triiodotironina, T3. Em experimentos de laboratório, a ativação de T3 levou a um aumento acentuado no número de células cancerígenas da próstata. Mas quando o receptor TRβ foi inibido com a ajuda de uma substância ativa, NH3, houve uma grande redução no crescimento das células cancerígenas. NH3 é uma substância utilizada apenas em pesquisas para bloquear o TRβ. Em experimentos com animais, especificamente camundongos o efeito da substância no câncer foi confirmado. Os tumores tratados com NH-3 permaneceram menores ou progrediram significativamente mais lentamente. Em modelos de câncer de próstata resistentes à castração, isso se mostrou particularmente eficaz. Isso significa que o tumor continua a crescer, apesar do tratamento que reduz a quantidade de testosterona. Esse hormônio sexual masculino normalmente impulsiona o crescimento desse tipo de câncer, cuja forma de tratar clinicamente é difícil atualmente. O bloqueio do TRβ usando NH-3 funcionou levando à eliminação de um sinal específico, o sinal do receptor de andrógeno, que, de outra forma, é ativado pela testosterona e desempenha um papel central no desenvolvimento do câncer de próstata. Níveis elevados de TRβ foram observados em amostras de tecido com tumores da próstata em comparação com o tecido saudável. Análises genéticas também mostram que mutações em muitos pacientes com câncer de próstata alteram as vias de sinalização do hormônio tireoidiano. Dessa forma, o bloqueio do hormônio tireoidiano e de seu receptor pode ser um alvo para pesquisas futuras visando o desenvolvimento de novos tratamentos para o câncer de próstata. "É claro que é preciso encontrar um equilíbrio para não alterar o balanço hormonal da tireoide mais do que o necessário para combater o câncer em outra parte do corpo, e provavelmente não será uma solução para todos os tipos de câncer de próstata. Mais pesquisas precisarão responder como seria um tratamento, possivelmente em combinação com outros. Sem dúvida, essa é uma linha de pesquisa interessante", afirma Lukas Kenner. Pesquisas anteriores mostraram que a proteína µ-cristalina (CRYM), que sequestra o T3, regula o desenvolvimento e a progressão do câncer de próstata por meio de interações com a via do receptor androgênico (AR). Mas os mecanismos moleculares dessa relação permaneciam pouco compreendidos. LEIA TAMBÉM: Câncer de próstata entra em nova era: robôs, testes genéticos e novas drogas mudam o tratamento e minimizam chance de impotência Câncer de próstata mata 48 homens por dia no Brasil; atendimento por causa da doença cresce entre jovens Saúde masculina: 46% dos homens acima de 40 anos só vão ao médico quando sentem algo, aponta pesquisa Como teste de saliva pode revolucionar diagnóstico precoce de câncer de próstata